De certo modo continuo a acreditar no par ideal, no prazer permanente, na paixão perpétua, embora tenha a consciência de que na realidade estou só. Procuro, exijo, e depois acabo por me resignar, porque não encontro a pessoa certa, a tão ambicionada alma gémea. Olho-me e vejo-me com o passar dos anos cada vez mais estranha, tão dependente, tão suspensa e por conseguinte cada vez mais exigente.
Acho que a identidade é uma coisa que inventamos e que nos faz sofrer, porque obriga-nos a agir de acordo com ela. Gosto de pensar que posso ser sempre diferente. Entusiasma-me esta ideia! Gosto de abrir o espaço para o novo! Não há nada mais agradável e mais saudável que um encontro autêntico, sem mascaras, sem enganos, sem expectativas. Às vezes ponho-me a pensar nisto!
Continuo sem me saber definir. Creio que preciso de me descobrir, saber como eu realmente sou, e aquilo que quero, para depois poder chegar a ti. Talvez seja por isso que continuo sem conseguir passar-te a minha mensagem.
O risco de vir a sofrer tem um preço elevado, por isso é que me dá tanto medo me entregar a ti, me fundir em ti. E faço-o apenas parcialmente, numa tentativa de me proteger contra a repulsão e contra o abandono.
È duro desejar alguém e essa pessoa não estar presente. Pensar nisso faz-me sentir tanto medo. O medo da entrega! Acho que preciso de perder este medo. Sei que é um caminho longo e difícil, mas em ultima analise é o caminho que eu necessito para poder voltar a sentir-me viva.
Eu não tenho respostas mas estou cheia de perguntas: Mas porque será que tenho tanto medo? Porque é que a entrega me assusta tanto? Como será que irei reagir quando perder este medo? Será que amo a confusão e crio a distância? Será que me confundo? Ou confundo quem de mim se aproxima?
Quando desejamos alguém e essa pessoa está ali do nosso lado, é maravilhoso. Mas quando isso não acontece a dor é mais insuportável do que qualquer outro sofrimento. Por isso refreio tanto a tentação de ser espontânea e procuro uma vida mais segura encerrada na minha velha personalidade quentinha e estruturada, o que mais tarde ou mais cedo acaba por se tornar aborrecido angustiante e monótono.
O medo da entrega está sempre a rondar-me. Tenho o medo do sofrimento, medo da destabilização, da desilusão, medo de perder a minha independência, a minha alegria, e de tudo aquilo que eu até agora fui ganhando. Enfim!... Talvez seja essa a questão… Talvez seja isso que me assusta tanto…
(http://neteventos.ning.com/profiles/blogs/o-medo-da-entrega)
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