14 de abr. de 2009

Panorama Além...

Não sei que tempo faz, nem se é noite ou se é dia.
Não sinto onde é que estou, nem se estou.
Não sei de nada.
Nem de ódio, nem amor. Tédio? Melancolia.
-Existência parada. Existência acabada.

Nem se pode saber do que outrora existia.
A cegueira no olhar.
Toda a noite caladano ouvido.
Presa a voz. Gesto vão.
Boca fria.A alma, um deserto branco:
-o luar triste na geada...

Silêncio. Eternidade. Infinito.
Segredo.Onde, as almas irmãs? Onde, Deus?
Que degredo!Ninguém....
O ermo atrás do ermo:
- é a paisagem daqui.

Tudo opaco... E sem luz... sem treva...
O ar absorto...
Tudo em paz...
Tudo só... Tudo irreal...
Tudo morto...
Por que foi que eu morri? Quando foi que eu morri?

Por:Cecília Meireles

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